domingo, 28 de novembro de 2010

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Não era nada com você. Ou quase nada. Estou tão desintegrado. Atravessei o resto da noite encarando minha desintegração. Joguei sobre você tantos medos, tanta coisa travada, tanto medo de rejeição, tanta dor. Difícil explicar. Muitas coisas duras por dentro. Farpas. Uma pressa, uma urgência.E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar.

Caio Fernando Abreu

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Dias Cinzas

Uma semana que tinha tudo pra ser linda acaba sendo preenchida por uma briga sem motivo. E como consequência, você se sente ainda mais retraida. Prefere o bom e velho silêncio, quebrado por uma melodia calma, de preferência o velho MPB ou então aquele rock do querido Nando Reis.
Sim, Nando Reis em tudo. Suas músicas embalam os meus dias mais felizes, e os meus dias mais tristes. É ao som da sua voz que muitas vezes encontro o conforto que espero encontrar em uma pessoa especial, e na sua falta... Bom, ainda bem que existem as músicas do Nando.
Falar em pessoa especial, Deus, se você quiser brincar de colocar uma no meu caminho, vou agradecer. Sei que por um vacilo meu, perdi uma chance. E isso até hoje me incomoda tanto, tanto...

Mas, a música do dia hoje, nao é do Nando, pasmém. A lua de hoje merecia um bom reggae. Entao...
Chimarruts: Do Lado de Cá

Se a vida às vezes dá uns dias de segundos cinzas
e o tempo tic taca devagar
Põe o teu melhor vestido, brilha teu sorriso
Vem pra cá, vem pra cá
Se a vida muitas vezes só chuvisca, só garoa
e tudo não parece funcionar
Deixe esse problema a toa, pra ficar na boa
Vem pra cá

Do lado de cá, a vista é bonita
A maré é boa de provar
Do lado de cá, eu vivo tranquila
E o meu corpo dança sem parar
Do lado de cá tem música, amigos e alguém para amar
Do lado de cá
Do lado de cá

Se a vida às vezes dá uns dias de segundos cinzas
e o tempo tic taca devagar
Põe o teu melhor vestido, brilha teu sorriso
Vem pra cá, vem pra cá
Se a vida muitas vezes só chuvisca, só garoa
e tudo não parece funcionar
Deixe esse problema a toa, pra ficar na boa
Vem pra cá

Do lado de cá, a vista é bonita
A maré é boa de provar
Do lado de cá, eu vivo tranquila
E o meu corpo dança sem parar
Do lado de cá tem música, amigos e alguém para amar
Do lado de cá

A vida é agora, vê se não demora.
Pra recomeçar é só ter vontade de felicidade pra pular

Do lado de cá, a vista é bonita
A maré é boa de provar
Do lado de cá, eu vivo tranquila
E o meu corpo dança sem parar
Do lado de cá tem música, amigos e alguém para amar
Do lado de cá

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Desalinho

"A gente passa toda uma vida em busca de definições.
E depois de muito tempo você descobre, que não há definição.
Vida é falta de definição. É transitória mesmo. Agora eu entendi.
Não tem a portinha certa. Não tem o mapa da mina.
O mapa muda toda hora.
A mina pode explodir a qualquer hora e qualquer lugar.
Não é assim? Acho que eu vou me dar alta!
Porque eu nunca vou estar pronto.
Tudo que eu preciso é conviver bem com meu desalinho,
com minha inconstância e com as surpresas que a vida traz.
De resto, a vida continua. Porque agora eu sei,
se eu tive problema um dia, não foi por falta de felicidade.."

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Um desabafo. Uma homenagem a quem se foi. Uma saudade.

"Desde o século 1º, os cristãos rezam pelos falecidos; costumavam visitar os túmulos dos mártires nas catacumbas para rezar pelos que morreram sem martírio. No século 4º, já encontramos a Memória dos Mortos na celebração da missa. Desde o século 5º, a Igreja dedica um dia por ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém se lembrava."


Todo mundo conhece alguém que já partiu. Um familiar, um amigo, alguém próximo ou não a você. E, hoje, no dia dois de novembro, saímos para rezar pela alma de quem já se foi, na esperança que tenha encontrado um lugar melhor pra viver. Na esperança de que essa pessoa viva no paraíso, com Deus, Maria, Jesus... rodeada de anjinhos. Ou que apenas, tenha encontrado a verdadeira paz.
Quando tinha 11 anos, perdi minha avó. Lembro como se fosse hoje daquele dia. Um domingo. Era madrugada e minha avó estava internada no Hospital do Coração se recuperando de uma cirurgia cardíaca. O telefone da minha casa tocou. Eu acordei e fiquei com preguiça de atender. Um tempo depois, alguém tinha atendido o telefone. Desse momento até o meu pai ir me acordar é confuso. As imagens se sobrepõem. Acho que por conta da sonolência.
Meu pai chegou no meu quarto, sentou-se ao meu lado e disse baixinho, pra não acordar minha irmã: " Silvia, vou ao hospital com sua mãe. Ligaram de lá, pedindo que fossemos. Quando amanhecer, seu tio virá pegar vocês."
Não entendi porque tinham ligado tão cedo do hospital. Mas não discuti, e então voltei a dormir. Quando amanheceu, meu tio nos levou para sua casa. Naquele dia, também resolvi ir a missa. Pedi proteção a minha avó, esperando que ela saísse logo da UTI e fosse pra casa. A uns dias, tinha tido um sonho estranho com ela. A vi na UTI com aquela danação de fios e ligada a vários aparelhos. Queria que ela fosse logo pra casa...
Quando voltei da missa, minha tia sentou-se ao meu lado e disse: "Silvinha, tenho uma noticia ruim para você. Você lembra o que o padre disse na missa hoje? (coincidencia ou não, a liturgia era sobre morte) Sua avó foi morar com papai do céu. Ela faleceu hoje de madrugada. Sinto muito..." E me abraçou.
Imediatamente comecei a chorar. Chorei, chorei, chorei. Tinha perdido o chão naquela hora. Minha avó. Minha segunda mãe. MINHA AVÓ estava morta.
Minha prima conversou comigo depois, tentando me acalmar, quase que inutilmente. Eu disse que queria ir pro velório, ir ao enterro.
Quando cheguei no velório, vendo todo mundo de preto, ou com cores escuras demais, chorando, abraçando um e outro... Chorei novamente. Não conseguia acreditar que realmente minha avó tinha falecido.
Lutei pra criar coragem e chegar ao caixão. Tinha medo. Enfim, consegui... Minha avó estava inchada, meio roxa.. Pensava: "Vó, o que aconteceu com a senhora? Volta, por favor! Quer que eu tire esses algodões?" Eu queria tirar aqueles malditos algodões. E se ela acordasse? Não conseguiria respirar... Mas minha avó, estava tão linda. Mesmo com o inchaço e a roxidão. Ela tava com aquela expressão de "eu estou em paz". Sabe, naquele momento, eu pensei... " Ela viu meu avô. Meu avô e meu tio, seu filho que morreu tão cedo. Eles que vieram pega-la. Ela ta feliz" Ai, tentei dar um esboço de sorriso.
Isso foi há 7 anos. Há 7 anos sinto a falta da minha avó. Há 7 anos imagino que onde ela estiver, está feliz, junto a seu marido, seu filho, sua mãe... Protegendo a mim, minha irmã, minha mãe, suas outras filhas, seus outros netos.
Há 7 anos sei que minha avó esta sempre de olho em mim. Esteve comigo todos os dias. Desde os dias qualquer, até os mais importantes e felizes: meus 15 anos, vestibular, aprovação... Tenho certeza que no dia que saiu aquele resultado, que eu passei, minha avó fez uma festa onde quer que ela estivesse. Melhor, tenho certeza que ela veio comemorar comigo. Que chorou junto, que riu junto. Que ficou feliz junto.
Esse é o sétimo dia de finados. É a sétima vez que realmente percebo que minha avó se foi. Porque nos demais dias, é como se ela estivesse fazendo uma longa viagem mas que já já tá chegando. Faz 7 anos.

Eu sei, sei que estarás sempre a me proteger. A me guiar. Me ajudando a fazer as melhores escolhas. Ficando feliz quando eu finalmente acertar. Brigando comigo quando eu errar. Sei que me acompanhas todos os dias pela minha trajetória, no desejo de eu conseguir ser alguém nesse mundo.
Eu te amo, vovó. Sinto tanto a tua falta.



"O dia dos mortos é um dia de respeito, dedicado para que as famílias celebrem a vida eterna dos seus entes falecidos, tendo esperança de que tenham sido recebidos pelo reino de Deus."

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Seja você quem for,





seja qual for a posição social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre faça tudo com muito amor e com muita em Deus, que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá."




Ayrton Senna.