sábado, 29 de janeiro de 2011

Posso esquecer de respirar?

Dizem as más ou boas línguas que não podemos guardar sentimentos. Digo, os sentimentos ditos como "prejudiciais". É. Aqueles que a sociedade chama de ira, raiva, luxuria, ódio, rancor. Enfim. Elas dizem que armazenar esse tipo de sentimento só traz infelicidade, tristeza, amargura. Que não os acumulassem em hipótese alguma...
Bom, eu queria ser assim. Nossa, como gostaria de ser uma daquelas pessoas que não "remoem" as coisas. Que jogam sua raiva no momento, e depois tudo fica bem (na medida do possível). Eu sei o quanto é angustiante essa sensação de aprisionamento por conta das memórias ruins que não consigo jogar no lixo. Eu muitas vezes me chateio com algo, e fico com isso pra mim. Como se eu devesse me martirizar. Conviver sozinha com minha raiva embutida. E isso me faz mal. Eu sei. Acho que todas as explicações e respostas pro que eu entendo da minha vida se resume a isso. A ter sentimentos embutidos. Sejam eles bons ou ruins. Acho que é por isso que não consigo me socializar como gostaria. Que não tenho lá tantos amigos como gostaria. Que não me envolvo com alguém especial como gostaria. Que me sinto sempre sozinha mesmo que tenham pessoas a minha volta.
Esse grau de reserva é insuportável. É doloroso se viver sozinha. Não ter uma companhia pra ver um filme, ou tomar um sorvete. Ou apenas, passar uma tarde rindo, conversando... Não ter ninguém pra desabafar. E pior, mesmo que se tenha, não conseguir. Viver com os monstros dos segredos. Dos sentimentos calados. Esses que costumam assombrar numa noite chuvosa, ou quando o silêncio torna-se profundo demais. Assustador demais.
Agora, eu só posso esquecer de respirar?

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