Capitulo 2: Um não, um sim. Game over
Ok. Se isso fosse verdade mesmo, ótimo. Mas eu precisava acabar de uma vez com essa dúvida. Tinha deixado esse assunto morrer por uns dias e tudo estava indo bem. Até mesmo depois do convite que ele tinha me feito. Convite esse que nem se concretizou, na verdade.
Mas ai que o corpo é frágil. Na verdade, minha impulsividade age por conta própria. Conversava com ele e de repente me deu uma vontade de abrir o jogo. De chegar e perguntar. Naquele momento esqueci minha timidez, meu medo... Relutei algumas vezes, é claro. Embora minha impulsividade fosse forte, meu orgulho tinha resolvido brigar de igual para igual. Mas não foi suficiente. Pensei comigo mesma... Sabia que ia me arrepender, mas e daí? Comecei a falar. Misturava curiosidade de forma objetiva e subjetiva. Apenas queria saber o que ele achava dessa historia toda. Escondi por um tempo toda a minha confusão. Enquanto ele falava, alivio, tristeza, arrependimento... Tudo se misturava. Eu não sabia mais o que era correto sentir. O que eu queria sentir.
- Não, eu não gosto de você. No começo talvez, um interesse. Mas não mais que isso. Não, não sinto nada. - Ele disse. Repetiu tanto “não” que chegou a incomodar. Acho que já tinha entendido no primeiro não que toda aquela historia que as meninas tanto me falavam era mentira. Já chegava. Ele não precisava repetir para deixar claro a negação da situação.
Respirei fundo e apenas refleti. Devia ter confiado. Ter acreditado na minha intuição. Sempre me gabei dela. E reclamava quando as pessoas duvidavam de que ela era certeira. Mas eu mesma tinha contrariado o que afirmava e relutava em dizer que funcionava. Burra. Bom, pelo menos essa história acabava ali. Me senti feliz. Estava tudo resolvido. Mas eu deixei meu impulso falar mais alto.
– Eu gosto de você. - Como eu tinha dito isso? Porque? Ele já tinha esclarecido tudo, porque eu ia contar para ele? Será que eu precisava de um fora mais direto? Morri. Percebi que tinha feito a maior burrada do dia.
Não, eu não esperava que ele tivesse mentido para mim quanto ao “não” dito tantas vezes naquela conversa. Não esperava que todas aquelas afirmações tivessem surgido em resposta a um possível medo de rejeição. Não esperava que ele tivesse ficado assustado com a minha interrogação. Não esperava que ele tivesse dito aquilo para se sentir por cima, para dar o “não” antes de mim. Não, eu não esperava. Esperava?
E se fosse isso mesmo? E se ele realmente tivesse pensando assim e depois ficado sem graça de contar a verdade? Não, nada disso fazia sentindo. Tinha acabado. Deixaríamos aquela conversa morrer. Apagaríamos. Ela nunca existiu.
- Ok. Vamos esquecer isso, certo? – Estava envergonhada. Onde eu tava com a cabeça? E meu orgulho, porque tinha me deixado fazer isso?
- Tudo bem. – Ele disse. E eu pensei no que ele poderia estar pensando. Será que ele também estava confuso? Qual a probabilidade do não ter sido de proteção? Espera, o que eu tava fazendo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário