sábado, 9 de outubro de 2010

Uma guerra. Dois inimigos. Uma fazenda. Pijamas. Uma amizade: O Menino do Pijama Listrado



" '... Aquelas pessoas que vivem na fazenda'. (...)
- 'Ah, aquelas pessoas... Na verdade, elas não são pessoas, Bruno.'
(...)
'E como você sabe?' Perguntou rapidamente Bruno, irritado agora, apesar de ser o mesmo homem que o resgatara do chão, o trouxera para casa e cuidara dele. 'Você não é médico.'
(...)
Ele suspirou e pareceu ponderar a questão por um longo tempo antes de dizer 'Sim, eu sou'.
Bruno encarou-o. Aquilo não fazia sentido para ele.
(...)
-'Antes de vir para cá, eu praticava a medicina. '
(...)
-'Praticava?' (...)' Você não era bom, então?'
(...)
O garoto era menor que Bruno e estava sentado no chão com uma expressão de desamparo. Ele vestia o mesmo pijama listrado de todas as outras pessoas (...).
'É tão injusto. Não entendo porque tenho que ficar presso desse lado da cerca, onde não há ninguém pra conversar nem brincar. Você fica com sua dúzia de amigos e provavelmente, brinca durante horas.' (...)"
- O Menino do Pijama Listrado





Sempre gostei de história. Viajava durante as aulas, revivendo cada período que o professor estava ensinando, imaginando como teria sido viver naquela época. Era fantástico. Passava horas e horas debruçada nos livros, buscando entender a história. E um assunto que sempre me fascinou e intrigou, foi a maldita Segunda Guerra Mundial.
Hitler. A invasão da Polônia. Início da Guerra. O mundo todo voltando os seus olhares para a Alemanha. O envolvimento de vários países. Mortes. Massacres. Holocausto. As bombas atômicas. A queda de Hittler. Fim da guerra.
E até o Brasil teve sua participação especial. Meu avô foi um ex-combatente. Queria tanto poder te-lo conhecido. Escutar suas histórias. Saber por uma pessoa que viveu aquela realidade de muito perto, que ficou em trincheiras, viu a morte no seu lado, só esperando uma oportunidade, um vacilo qualquer, pra dar o bote... O que se passava ali, na sua cabeça.

E é durante a Segunda Guerra que se passa a estória relatada em O Menino do Pijama Listrado, livro de John Boyne e que virou filme em 2008, uma fabula da guerra,relatando a crueldade em cada sutileza descrita, mesmo que o livro (e o filme) se detenha a mostrar a relação de amizade que surge entre dois garotinhos, um alemão e um judeu.
Alemanha, 2ª Guerra Mundial. Bruno, de 8 anos, é filho de um oficial nazista que assume um cargo em um campo de concentração. Isto faz com que sua família deixe Berlim e se mude para uma área desolada, onde não há muito o que fazer para uma criança de sua idade. Ao explorar o local ele conhece Shmuel, um garoto aproximadamente de sua idade que sempre está com um pijama listrado e do outro lado de uma cerca. Nasce amizade entre um alemão e um judeu.
Bruno desconhece a realidade da guerra. Nada sabe das pessoas que vivem além da cerca, e dos poucos que encontra trabalhando na casa. Não entende o porque deles viverem com um pijama e acredita que o número presente nessas vestimentas sejam frutos de um jogo. Uma visão ingênua num mundo cruel.
As visitas de Bruno passam a ser diárias e a amizade entre os dois meninos começa a crescer, fazendo com que ele comece a questionar os pais e a irmã, querendo saber mais sobre aquele lugar e quem são aquelas pessoas que passam o dia todo de pijama listrado. As respostas são vazias e negativas e ele não acredita.
Seu pai recebe em sua casa outros oficiais nazistas para assistir a um filme montado sobre os campos de concentração, onde o que é mostrado são crianças felizes, bem alimentadas com suas familias sorridentes. Bruno passa a perguntar ao amigo sobre o que ele viu no filme, mas o campo de concentração não tem nada de belo e de alegre como ele viu , ficando ainda mais sem entender das coisas quando dizem a ele que Shmuel é seu inimigo.
A essa altura sua mãe já descobriu que a fazenda ao lado se trata de um campo de concentração e que a fumaça preta e o forte odor que vem de lá se trata do extermínio de judeus, a solução final. Ela começa a ficar angustiada com a situação, vendo a filha abandonar as bonecas e tomar uma postura totalmente diferente da que gostaria. Postura essa adquirida com as aulas particulares e do seu envolvimento com um soldado. O que vê é o marido cada vez mais envolvido em algo que ela não gosta, assim, ela quer retornar para Berlim. Consegue fazer com que o marido aceite a ideia dela retornar com os filhos, mas ficam sem entender quando Bruno diz que não quer voltar, logo ele que não queria deixar seus amigos de escola.
Bruno vai até o amigo dizer que está indo embora no dia seguinte, mas o vê triste porque seu pai foi levado para trabalhar com outros homens e não retornou. Ele quer ajudar o amigo, mas para isso, tem que passar para o outro lado da cerca. Combinam então que no dia seguinte ele iria até lá para procurarem juntos, mas para isso, Shmuel terá de arrumar um pijama para ele também. No dia seguinte, Bruno troca de roupa e passa para o outro lado da cerca...
O desfecho é dramático e emocionate... Os meninos acabam sendo levados no meio de um grupo para camara de gás... E ai, bom... Já da pra se saber o que acontece, né? Os meninos acabam morrendo. E um campo para matar judeus, acaba matando um alemão. Crime e castigo andando de mão dadas. Ai que mora a critica de Boyne.
A pureza e a ingenuidade nas atitudes de Bruno enfatizam ainda mais o horror. A estória é de partir o coração. Do início ao fim. É quase impossivel não deixar umas lágrimas danadinhas escaparem...

Agora, não vá esperando grandes descrições do holocausto. O foco do livro (e filme) é apenas mostrar o paralelo entre as atrocidades cometidas pelo governo alemão e o surgimento de uma amizade pura e ingênua, entre, até então, dois inimigos de raça. Os detalhes sordidos, vocês podem ver em A Lista de Schindler e O Pianista (dois filmes que eu super indico, também).


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